segunda-feira, 1 de setembro de 2008

LUCIEN FREUD


A Tate Gallery, de Londres, apresentou aquela que foi a grande exposição do século.
Trata-se da obra de Lucien Freud (1922), neto de Sigmund e que, à semelhança do avô é um topógrafo do esgoto humano que brota das sarjetas como cogumelos depois das chuvas. É o grande retratista pós-moderno da "canalha das ruas", atualmente o mais expressivo pintor da figura humana, herdeiro da tradição iconoclasta do Renascimento. Aqui, tenho focalizado os mestres da figura humana e sua essência: o corpo nu, despojado, solitário, do nascimento à morte - de Da Vinci a Modigliani, de Michelangelo a Freud.Talvez por ter sido sempre um figurativo, um realista, num mundo que até há pouco só valorizava o abstrato, Lucien foi desprezado por décadas. Insultado e ignorado. Mas agora venceu. Seu extremo realismo atrai e enoja. Agrada e repule. Intriga e incomoda.Exilado da Alemanha em 1933 por causa no nazismo, o trauma das guerras marcou sua obra, tendo ele afirmado que a ruína era a essência de sua pintura: a decadência do corpo humano. Por trás de modelos definidos perpassa algo invisivelmente repulsivo. Seus volumes são esculturas fofas, gordas, mumificadas pela obesidade. Não apenas pessoas, mas interpretações de pessoas. São "personas", pois ele vê além dos modelos. Basta dizer que um de seus bustos da rainha Elizabeth foi considerado agressão de lesa-majestade. Lucien Freud na pintura, como seu avô na psicologia, tentou desenvolver a humanidade à realidade ordinária.Cuspiu na cara da aristocracia. Agora é por ela reverenciado...

O escritor e jornalista Paulo Ramos Derengoski segue com a série que criou para Caros Amigos, de rápidos perfis dos grandes artistas plásticos que pintaram o povo

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