Profana Multiplicação dos Peixes
Rompendo o mito do eldorado brasileiro, Djalma Batista nos anos 60, já nos evidenciava a carência alimentar nas sociedades amazônicas e defendia a conserva do peixe como “prato de resistência” nos momentos de crises. O valor do peixe animal na Amazônia, não está só relacionado à sua importância enquanto alimento ou representação divina, mas também com seu valor em perpetuar-se (existe em abundância e pode ser conservado).
A exposição “ÍCTIO” de Turenko Beça resgata a importância do peixe em nossa região, reivindicando um olhar crítico em torno aos valores das populações amazônicas. Parte integrante dessa comunidade e conhecedor da mesma, o artista representa compulsivamente esse animal. E como um pescador que busca a melhor técnica para capturar o peixe, o artista dança entre diferentes técnicas artísticas para plasmá-lo. Em “ÍCTIO”, o peixe é conserva, é recorte, é acrílico, é grafite e é luz.
Ao contrário da evolução cronológica das vanguardas artísticas, Turenko Beça dá início a seu trabalho com uma abordagem conceitual do objeto para transformá-lo em objeto figurativo de modo quase literal. Depois de instigar o observador a questionar o peixe enquanto alimento, o artista transcende o objeto do plano real, transformando-o em múltiplas representações, como uma solução para o discurso proposto.
Já não existe mais necessidade da conserva na Amazônia, o peixe foi multiplicado!
Lilian Fraiji
Um comentário:
é boa essa guria...
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