quinta-feira, 17 de abril de 2008

MULTIPLICAÇÃO PROFANA


Profana Multiplicação dos Peixes


Rompendo o mito do eldorado brasileiro, Djalma Batista nos anos 60, já nos evidenciava a carência alimentar nas sociedades amazônicas e defendia a conserva do peixe como “prato de resistência” nos momentos de crises. O valor do peixe animal na Amazônia, não está só relacionado à sua importância enquanto alimento ou representação divina, mas também com seu valor em perpetuar-se (existe em abundância e pode ser conservado).
A exposição “ÍCTIO” de Turenko Beça resgata a importância do peixe em nossa região, reivindicando um olhar crítico em torno aos valores das populações amazônicas. Parte integrante dessa comunidade e conhecedor da mesma, o artista representa compulsivamente esse animal. E como um pescador que busca a melhor técnica para capturar o peixe, o artista dança entre diferentes técnicas artísticas para plasmá-lo. Em “ÍCTIO”, o peixe é conserva, é recorte, é acrílico, é grafite e é luz.
Ao contrário da evolução cronológica das vanguardas artísticas, Turenko Beça dá início a seu trabalho com uma abordagem conceitual do objeto para transformá-lo em objeto figurativo de modo quase literal. Depois de instigar o observador a questionar o peixe enquanto alimento, o artista transcende o objeto do plano real, transformando-o em múltiplas representações, como uma solução para o discurso proposto.
Já não existe mais necessidade da conserva na Amazônia, o peixe foi multiplicado!
Lilian Fraiji


quarta-feira, 16 de abril de 2008

A Técnica do AFRESCO


Afresco é uma técnica de pintura que deve o nome ao fato de que precisava ser realizada nas paredes ou tetos (preferencialmente de nata de cal, gesso ou outro material apropriado) enquanto o esboço ainda estava úmido (ou fresco). Na sua utilização, as tintas ou pigmentos em geral devem ser granulados, reduzidos ao pó e depois misturados à água. Dessa forma, as cores podem penetrar nas superfícies úmidas como parte integrantes delas. Por ter ótima durabilidade em países onde o clima é seco, foi particularmente aplicada nesses lugares, como o norte da Europa e a Itália (com exceção de Veneza). O fato dos afrescos secarem rapidamente, obrigava o pintor a vencer o tempo de secagem, ser ainda mais rápido, ter traços firmes e propósito claro. Outro fator limitante era a enorme dificuldade de se realizar correções posteriores. Provavelmente utilizada desde a antiguidade, especula-se que eram afrescos as paredes pintadas na ilha de Creta antiga (principalmente no período de 2.500 a.c a 1100 a.c) ou na antiga Grécia. É encontrado ainda fora da Europa, nas pinturas chineses e hindus.

terça-feira, 15 de abril de 2008

Obra de Helen Rossy no Salão Plástica Amazônia


Obra premiada da artista Helen Rossy no Salão Plástica Amazônia

Saudades do Buy e da Helen: agitando em Florianópolis!!


helen pintada por Buy

"Buy Chaves é autodidata, catarinense, mora a 30 anos em Manaus. Possui um histórico com mais de 100 exposições no Brasil, Europa e Estados Unidos. Observar as obras de Buy Chaves é como sentir o cheiro de mata úmida, a obra é presente, atual. Talvez pelo fato do artista ser adepto do ócio produtivo suas obras nascem após meses de solidão no meio da mata, onde o vizinho mais próximo fica a três horas do seu jardim. Jardim que em épocas de chuva fica coberto de água, povoado por peixes que passeiam sobre nossas cabeças, nadando em nuvens maciças de água e que vem naturalmente inundar as telas do artista.




"Helen Rossy não era pintora. Tornou-se num rompante de amor.Com sua arte foi por nós premiada no Salão Amazônia de Artes coordenado por Jair Jacqmont, e não sossegou mais. Cresceu. Evoluiu.Ela porém é mais do que artista plástica, é tropicalista invadindo o mundo das divindades, das boas terras de frutas, doces, cores, brincadeiras e usos que o homem amazônico mais continental faz no diário de sua vida. Volta para nós depois de algum tempo. E engrandece."




segunda-feira, 14 de abril de 2008

PORTAFÓLIO


Super exposição no CAUA - Centro de Artes da Universidade(Hanehman Bacellar), Rua Monsenhor Coutinho, esquina com a Tapajós.

Nova Geração de artistas plásticos que iniciam o caminho do desenvolvimento de uma Arte Contemporânea em Manaus.

Destaque para os trabalhos de NAIA(considero a artista mais madura do grupo, em todos aspectos:conceitual, plástico, de apresentação, proposta contemporânea), Sandro Marandureira, Socorro Morais, Cléia e Marcos Romano.

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Peixes em aço de 2 mm, pintura eletrostática


Durante o vernissage...só figuras.....


Grafitte na Galeria do Largo


Painel de 5,10 X 3,10 m, do artista TURENKO BEÇA. O modelo posando junto à obra é o modelo ALEKSEI TURENKO.

Obra da Exposição ÍCTIO do artista TURENKO BEÇA, o modelo é o rapaz ALEKSEI TURENKO

sábado, 5 de abril de 2008

Sucesso na inauguração da Exposição


Foi muito bacana e intensa a inauguração da Exposição ÍCTIO, na Galeria do Largo de São Sebastião. O artista agradece a todos que foram e prestigiaram ao artista e ao evento. Com certeza tratou-se de uma experiência única e que proporcionou novas experiências estéticas ao celebrar a AMAZÔNIA a partir de novos suportes, materiais e novas tecnologias.

quarta-feira, 2 de abril de 2008

ROBERTO EVANGELISTA: PURA MAGIA





Roberto Evangelista

Por Paulo Herkenhoff




Travessias e Dissoluç§es




Essa ë uma arte de exaustâo e vazios. A instalaçâo Ritos de Passagem de Roberto Evangelista reöne mil caixas de sapatos, dois mil sapatos gastos e cinco pedras de lioz retiradas de uma calçada da cidade de Manaus. As pedras, extraìdas do tecido urbano, sâo uma cr–nica do colonialismo. Porque levavam mais do que traziam, os navios de arribaçâo colonial chegariam vazios se nâo trouxessem pedras em seus por§es. Flutuariam sem lastro. Traziam pedras cortadas de Portugal, usadas para pavimentar as ruas das cidades amaz–nicas que se modernizavam no boom da borracha. Essas pedras tornavam-se uma 'correçâo' da natureza amaz–nica, regiâo desprovida de pedras duras. Cinco daquelas pedras foram desencravadas de sua imobilidade, na qual condensam sua histria de corpo que se molda e esculpe com passos em um sëculo de fricçâo entre calçado e calçada no movimento da rua. O paradoxo perverso ë que, feitos de borracha sintëtica, esses sapatos, que hoje consomem as pedras, tambëm funcionam como ìcones da queda da fastigiosa economia extrativista da borracha. O processo seria entâo uma alegoria da idëia ps-moderna de desapariçâo do eu.A pedra de cantaria introduz a noçâo de ausència (a idëia de uma falta na natureza) e de distanciamento - a pavimentaçâo da cidade moderna calçada ë modo de diferenciaçâo entre espaço natural e espaço urbano, espelho de diferenças entre cultura nativa e cultura ocidental demarcadas no processo de colonizaçâo. As pedras cortadas - natureza racionalizada - ocultam o fato de que a cultura tambëm se molda na relaçâo com o meio natural. Essas pedras-lastro apontam para as leis da fìsica como emblemas da necessidade de equilìbro na economia de trocas, onde caixas de sapato sâo peso morto ou peso nenhum. Deslocados, aqueles grupos de objetos (pedras, sapatos e caixas) produzem um estranhamento.Era sapato e agora ë lixo. Sapatos gastam pedras. As caixas exibem seu vazio como se estivessem localizadas num lugar entre esses dois pontos de dispersâo de energia por fricçâo. Sâo signos exaustos no consumo. Jž nâo mais seriam meio apto para a produçâo. Encontraram no uso o limite de esgotamento de sua funçâo como valor de troca. Ao comentar Mater Dolorosa (1976, um cubo de acrìlico transparente com restos carbonizados de žrvores sobre um quadrilžtero de areia branca), de Roberto Evangelista1, o escritor Mžrcio Souza fala de "ruìnas das culturas originžrias, assaltadas e massacradas; ruìnas das impossibilidades da civilizaçâo ocidental; ruìnas da natureza mal compreendida, uma paisagem de destroços"2. Nesse 'péntano da aculturaçâo' ocorre o duplo testemunho da constituiçâo do sujeito-criador, o artista da tradiçâo humanista-moderno, e da iminència de sua dissoluçâo antes que (ou sem que) a modernidade ocidental tenha imposto plenamente sua hegemonia na regiâo. Aqueles objetos incuos, extraìdos de sua utilidade cotidiana, sâo repotencializados como signos. Vè-se Ritos de Passagem como uma paisagem de ruìnas do consumo. A obra desoculta a öltima possibilidade de valor produtivo para esses signos no processo de circulaçâo simblica: articular uma voz coesiva num territrio de esquecimento.A calçada, como parte da rua, diz o artista, ë o lugar coletivo de um rito de travessia dižrio e constante. A vida flui como um rio, potente metžfora do tempo3. A instalaçâo poderia ser um anti-rio. Cada pedra seria a imobilidade registrando as vidas que por ela transitam. Esse ë o punctum no fluxo do tempo. O princìpio do tempo, instituìdo pelo sujeito, serž vivencial, dissolvendo a noçâo de manufatura e autoria. Na instalaçâo Mater Dolorosa in Memoriam II (da Criaçâo e Sobrevivència das Formas), de 1982, centenas de cuias flutuam num igarapë. Sâo organizadas dentro de certas formas. A obra ë decurso e consumaçâo do tempo. Trabalhando sob a orientaçâo de um pajë, Evangelista investiga o pensamento cosmog–nico e a resistència da forma natural, primeira e simblica. O artista busca uma medida essencial, "sem influència, sem estrangeiros e colonizadores", afirma.A obra de Roberto Evangelista politiza o olhar da Amaz–nia no horizonte da sobrevivència. Diante de uma natureza singular e de sua riqueza cultural, na problematizaçâo da Amaz–nia prevalecem abordagens fenomènicas (o grau zero da natureza na obra de Waltërcio Caldas) e polìtico-antropolgicas (a noçâo de voz do gueto para Cildo Meireles e paìs submerso de Emmanuel Nassar). Evangelista opera sobre a totalidade e o contìnuo de devastaç§es das queimadas, massacres de ìndios e de populaç§es caboclas, falència da cultura ocidental. No entanto, essa 'paisagem de destroços' nâo ë a cena da melancolia, jž que a posiçâo de Evangelista ë estabelecer uma fissura na histria como processo de abandono e agenciamento de recalques que (auto)vitima a Amaz–nia. Sua perspectiva fenomènica, sem idealizaç§es, ë impregnada desse inescapžvel pathos. Ns vivemos com drama e aprendemos com a tragëdia, diz o artista.1 Essa obra precede em dois anos o Manifesto do Rio Negro (1978) de Pierre Restany e Frans Krajcberg e estž adiante do processo internacional de discussâo da devastaçâo da Amaz–nia, que s se amplia depois da falència de grandes projetos agroindustriais de companhias multinacionais.2 "Um paìs esquecido dentro do paìs", in Visâo, 29 de maio de 1978.3 Como nos rios de cuias das instalaç§es Mater Dolorosa in Memoriam II (Sobre a Criaçâo e Sobrevivència das Formas) e Resgate (1992).

Conheça a Arte revolucionária de Hélio Oiticica

Corpo-cor em Hélio Oiticica

Viviane Matesco

Em 1966, Hélio Oiticica apresentou um trabalho, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, que explicita suas propostas de Antiarte e sintetiza seu percurso anterior: um jogo de bilhar. A parede vermelha, o verde da mesa e as camisas dos jogadores permitiam "vir à tona toda a plasticidade desse jogo único-plasticidade da própria ação-cor-ambiente: todos se divertem com o bilhar e imergem no ambiente criado".1 A proposta Sala de bilhar-nascida de uma observação de Mário Pedrosa aproximando as sensações causadas pelos Núcleos e Bólides ao impacto das cores da tela Café noturno de Van Gogh-enfatiza o aspecto do prazer no jogo e redefine a arte como uma atividade lúdica, aberta à interferência do público e ao imprevisível2.A produção de Oiticica, a partir dos Parangolés, é nitidamente marcada pela busca para integrar a arte na experiência cotidiana. É a recusa do amedrontamento perante um mito. A proposta da "Antiarte" consiste em sensibilizar o cotidiano por meio da repotencialização do "coeficiente" criativo do indivíduo. O artista torna-se agora o motivador da criação, que só se realiza com a participação do "ator/espectador". Ele reúne elementos e recursos diversos como cor, estrutura, música, dança, palavra e fotografia, no que define como "totalidade-obra". É por meio da experiência com a cor que Oiticica rejeita a dicotomia objeto/sujeito. Funda a obra na própria relação com o sujeito que, ao realizá-la, efetiva uma operação que o leva a si mesmo, a um autoconhecimento. Dos primeiros trabalhos concretos às propostas de Antiarte, a cor é um eixo condutor em sua trajetória, levando-o ao espaço real e a superar a distância entre arte e vida.Aluno de Ivan Serpa, Hélio liga-se inicialmente ao concretismo, vertente construtiva da arte que marcaria profundamente seus trabalhos iniciais. A tradição concretista postulava a redução da cor: ela se tornava apenas um elemento da dinâmica visual que, ao interagir com um outro, convertia-se num feixe ótico; subjugada à forma, não deveria demonstrar nenhuma referência pessoal que alterasse os jogos retinianos. Os guaches de Oiticica desse período, planos saturados de cor, constituem um estudo do vocabulário formal concretista, mas não apresentam a rigidez de suas formas seriadas. Uma relativa autonomia da cor, já prenunciada nesses primeiros guaches, afirma-se nos seus trabalhos subseqüentes. Os Metaesquemas (1957-58) indicam pelo próprio nome sua função: são esquemas compostos pela relação forma e fundo, que adquirem, pela cor, uma instabilidade gráfica. Em vez de uma estrutura hierarquizada do espaço pictórico, significam uma dinâmica que questiona a própria bidimensionalidade. A cor libera a forma do suporte, salta para o espaço, ganha o mundo.O aprofundamento da questão da cor, da luz, o desejo de explorar sua ação, sua potência lógica, levaram Oiticica fatalmente à ruptura do conceito tradicional de quadro. Nos Monocromáticos ou Invenções (1958-59), desaparece a diferença entre pintura e suporte, o plano torna-se elemento ativo. São placas quadradas (30cm de lado) que recebem várias camadas de tinta e deixam aparente essa superposição. São dispostas na parede de maneira inusitada, uma vez que não são centradas. A cor age, agora, duplamente: em relação a si mesma, como se fosse uma pulsação e em relação à parede. Os Monocromáticos anunciam, por meio de sua dinâmica estrutural, uma tendência ao espaço tridimensional e representam a transição da pintura na tela para a fase em que a cor, confundindo-se com a própria estrutura, passa a agir livremente no ambiente. A utilização da monocromia enfatiza e isola a cor em um momento único de ação. A luminosidade, a vibração de suas ondas, constitui a sua temporalidade. Daí a preferência por cores mais abertas à luz como branco, amarelo, laranja e vermelho. Sobre as cores-luz, escreve Oiticica: "à cor pigmentar, material e opaca em si, procuro dar o sentido da luz [. . .] é preciso separar as cores mais abertas à luz, como privilegiadas para essa experiência"3. Para se manifestar, a "cor-luz" necessita de uma forma material e assim determina sua própria estrutura. Essa concepção nasce junto com a idéia da cor: não há mais um suporte a ser pintado, a estrutura torna-se o "corpo da cor".Os Bilaterais e os Relevos espaciais (1959) são superfícies de madeira pintadas, suspensas por fios presos ao teto. "Não objetos"4, inserem-se na experiência de desintegração do quadro realizada pelo grupo neoconcreto e, mais especificamente, significam um processo paralelo àquele realizado por Lygia Clark na série dos Casulos. Os neoconcretos pretendiam realizar uma revisão crítica do construtivismo; partindo da convicção básica de que a obra de arte não é uma ilustração de conceitos apriorísticos, objetivam uma redução do pragmatismo concreto mediante o resgate da expressão e da subjetividade presentes em Malevitch e Mondrian. Deslocam o eixo das preocupações teóricas de Pierce para a filosofia de Merleau-Ponty e Suzane Langer. Buscam a percepção estética por meio de uma abordagem fenomenológica em que a relação envolve o corpo.Os Núcleos (1960-63) consolidam as principais questões levantadas pelos Bilaterais e Relevos espaciais; ampliam o problema da espacialização da cor e conceitos relativos à "estrura-cor" ativa. São placas de madeira pintadas, com dupla superfície, presas ao teto por um suporte de madeira. Nos primeiros Núcleos, não havia a possibilidade de movimentar as placas; aos poucos elas vão ficando mais soltas e incorporam o espaço exterior. A exploração é condição para o conhecimento desses trabalhos: para desvendá-los, o sujeito deve investigar suas potencialidades, suas várias facetas. A disposição das placas cria espaços virtuais, favorece a tensão entre luz e sombra, o jogo interior/exterior; elas são pintadas em tons muito próximos, cuja variação segue um ritmo elaborado. A respeito dessa estruturação, Oiticica afirma: "o desenvolvimento nuclear que procuro não é a tentativa de amenizar os contrastes, mas de movimentar virtualmente a cor, em sua estrutura mesma [. . .] É a volta ao núcleo da cor, que começa na procura da sua luminosidade intrínseca, virtual, interior, até o seu movimento mais estático para a duração".5 O movimento virtual da cor não significa somente fazer uso de suas relações físicas, mas a busca de uma dimensão de significação. A questão apresenta um aspecto duplo: há um sentido arquitetônico em que a estrutura incorpora o espaço. Aqui vale a relação da cor entre as placas e o espaço que as circunda. O outro aspecto relaciona-se à ação da cor em relação a si mesma, como uma espécie de movimento infinito de interiorização e expansão. O espaço construído pela vibração das ondas luminosas remete à noção de espaço contínuo desenvolvida por Malevitch6. A impregnação da cor introduz a noção de campo. Essa experiência estética funda a proposição do artista (obra) e pressupõe uma compreensão fenomenológica do tempo: ele é vivido, é duração, sugere uma abordagem subjetiva. O sujeito reconstitui o processo de produção do artista, "como concreção do próprio impulso interior de que a obra nasceu. O diálogo que se estabelece entre a obra e o público realiza-se no campo das vivências interiores, a obra fala à intimidade no homem e não apenas à sua exterioridade sensorial".7Nos Bilaterais, Relevos e Núcleos, a participação do espectador ocorre pela vivência visual da cor; eles representam um desenvolvimento das questões postas pelos Metaesquemas. A partir dos Penetráveis, Bólides e Parangolés, essa dimensão vai ser radicalizada pela manipulação, movimento e utilização do plurissensorial. Os Penetráveis (1960) inauguram o projeto das manifestações ambientais e sugerem uma integração da cor na experiência cotidiana do indivíduo. São construções em madeira em que se cumpre um percurso. Com placas móveis, permitem articulações diversas: cada recanto deve ser explorado e não há como apreender tudo simultaneamente. O indivíduo caminha sobre areia, água, pedra; toca objetos, escuta ruídos, recebe uma série de estímulos dirigidos aos sentidos. A estrutura-cor adquire literalmente um sentido arquitetônico e o espectador transforma-se no "descobridor da obra". Nos Bólides (1963), a proposta gira em torno da concentração da cor, ao contrário da explosão típica dos Núcleos. A cor se materializa, ganha um corpo, uma tatilidade. São recipientes de diversas modalidades: madeira, vidro, cimento, tecido, lata, plástico, bacias, sacos. Contêm materiais como areia, pedra, carvão, brita, conchinhas do mar e terra apresentados como cor em estado pigmentar. Dividem-se basicamente em dois tipos: o bólide-vidro e o bólide-caixa. O primeiro é uma peça de vidro transparente com massa-pigmento: sobressai o sentido de explorar, manipular. Há um sentido lúdico e uma descoberta intelectual, conseqüências do desvendamento das possibilidades da obra. Os bólides-caixa seriam "arquiteturas miniaturizadas", nas quais as cores, nem sempre vistas claramente, escondem-se e criam espaços através de reflexos. A mão experimenta o espaço; nas gavetas encontra terra ou pigmento puro, pode tocá-la, sentir a textura, o peso e o aroma. A percepção cromática desvencilha-se do monopólio visual, requer o corpo do indivíduo, instaura uma nova ordem: a fruição como proposta de arte.

ÍCTIO INAUGURA NA GALERIA DO LARGO DE SÃO SEBASTIÃO


A Exposição ÍCTIO do artista plástico Anibal Turenko Beça inaugura dia 04 de abril, sexta-feira, às 19 horas na Galeria do Largo de São Sebastião.

terça-feira, 1 de abril de 2008

Estudo de Cores complementares, Ana Cláudia Abrahim


Lucia Elena Silveira, superprodução


Obra da aluna Helena Gouveia, cores complementares


Obra da aluna Helen Oliveira, tridimensão


Estudos de tridimensão



Obra da aluna Alessandra Cavaletti, inspirada em Amílcar de Castro

A Produção artística em Manaus

O blog Tudo é Arte? nasce com a missão de mostrar ao público em geral a produção artística e pedagógica realizada na cidade de Manaus.
Iniciamos apresentando a produção dos alunos do curso de Design de interiores da UNI NILTONLINS, da disciplina Oficina de Desenho e PlásticaII, ministrada pelo professor Anibal Turenko Beça.